terça-feira, 7 de julho de 2009

Mesmo que não faça sentido...

Pegou mais um folha, fingindo que escreveria seu último adeus. Nos últimos sete meses, sempre quis dizer adeus. Sempre disse que seria o último adeus. Mas quem acreditaria?Chovia. Não torrencialmente. Mas chovia.


Uma foto dela no computador era a única coisa que aquecia seu coração. Mas até quando só viveria na ilusão de uma foto? Chovia tanto em seus sentimentos quanto lá fora.


Havia livros espalhados pela sala. Nenhum deles ela tinha lido. Jamais leria, jamais compreenderia. Assim como jamais compreenderia os versos escritos com tanto empenho.


Todas as músicas gravadas em um CD, apenas para lembra-la de quão grande era seu amor. Nenhuma das músicas fazia sentido para ela. Nenhuma das músicas era a música dela. Todas as músicas eram para ela.


Chovia, isto era fato. As únicas coisas que se esvaíam eram seus sentimentos. Ela não prestava atenção. Ela andava distraída. Ela não via os sinais.


Nada disto fazia mais sentido, apesar do amor. Nenhum telefonema, nenhum e-mail, nenhuma mensagem dela. Até quando o amor conseguiria viver sozinho?


E mesmo com nada fazendo sentido, tudo fazia falta. O perfume, o olhar, o sorriso dela. Os filmes que ela jamais assistiu e que jamais assistiria.


Mas era sempre assim. Sempre que queria dar o último adeus, sempre que tentava esquece-la, só fazia lembrar. Era um mistério como não conseguia esquecê-la.


Mesmo com todos os defeitos, mesmo servindo de estepe, mesmo estando no meio termo: amava-a, era fato. Sabia que não seria fácil. Sabia que não queria.


Chovia. E tudo o que queria era apenas senti-la por perto. Apenas isto. Mesmo não fazendo sentindo algum.

Nenhum comentário: