terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Pseudo-Suícidio

Pseudo-burguesa do Grande ABC, funcionária de banco que lucra bilhões é encontrada desfalecida junto de escombros de imóveis irregulares derrubados pela prefeitura, em uma rua principal de Guaianases, Zona Leste de São Paulo. Não há motivos conhecidos ainda, mas tudo indica que uma crise de TPM, seguida do início do inferno astral, podem ter contribuído.

"Cala a boca, Amanda!"

Poderia ser só mais um ataque de irritação, mas enfim, não era. Até porque, o preço que estava estampado na testa dela, de uma hora para outra, havia caído em R$ 0,10. Isto pode não significar muito para quem lê, mas para quem acompanhou a trajetória, sabe como é a desvalorização. É como o dólar: em um momento, você acha que não vale nada. No outro, ninguém quer pagar o que realmente vale.

Não acredito que tenha sido o rádio também, que a levou a tamanho desespero. Pelo menos, não no fim daquela tarde. Porque ele não estava alto. Talvez nem mesmo as barbeiragens do motorista. Mas também, porque ela não estava lá (hey crianças, não confundam com I´m Not There).

Talvez tenha sido o Vermouth, do bar Taubaté. Ou tenha sido apenas Cynar mesmo. Para afogar as mágoas. Não me perguntem porque justamente ela tinha que parar no bar Taubaté.

Certo, eu falo: ela sempre arrumava uma desculpa de que precisaria de um táxi, que ficaria até mais tarde. Quase sempre, nas quintas e sextas. Porém, quando não, ela dizia que iria para Taubaté. E nós, pobres mortais, acreditavamos piamente que ela iria para Taubaté (a cidade, crianças, a cidade).

Mas descobrimos que Taubaté que ela se referia era apenas o bar, perto do trabalho. O táxi, era para ela não passar pela Praça dos Expedicionários, tarde da noite e juntar-se aos passantes. Ela poderia até tomar Cynar, mais ainda assim, era refinada (destilada?). O táxi, pobre do motorista do táxi, é que havia de ficar até altas horas da noite esperando-a. Só assim a irritação dela passava.

Porém, o fato de tal desfalecimento, não era a idade. Não era o valor de R$ 3,40, também. Desconfio que tenha sido apenas pelo fato de, sua amiga, sentada ao seu lado, prestar mais atenção ao celular do que no que ela dizia. Talvez, por tal amiga soltar frases ao vento, sem que tivesse a menor noção do que estava dizendo. Creio que isto foi a gota d´água (e não de Vermouth, nem de Cynar) para ela.

Talvez o "Cala a boca, Amanda!", proferido por ela, tenha sido como o último suspiro. Daqueles de desgosto. Também acredito que o local onde ela foi encontrada desfalecida, tenha sido só uma última idéia romântica. É, romântica: ela queria saber apenas como aquelas pessoas moravam e viviam, naquele lugar que só tinha escombros agora.

Mas acho que o desgosto de tal visão foi tão pior, que ela teve apenas um pseudo-suícidio. E sei que, em breve, ela estará novamente no bar Taubaté, com uma garrafa de Cynar, ou Cinzano ou Vermouth, com um táxi a sua espera. Apenas para ela reviver (ou bem melhor, esquecer), toda a trajetória do seu maravilhoso Grande ABC até a aprazível Poá.

Em homenagem à Dona Fábia, salvadora de nossas vidas em momentos terríveis, que hoje simplesmente estava com a macaca! ^_^

3 comentários:

Fabia disse...

San adorei a homenagem!!Quero mais..rss

laura lima disse...

nossa!
profundo!realmente achei..
gostei!

e o show de pagode...bem,continuo ODIANDO aquilo hahaha
beeeijos
:)

What I know disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

AS pessoas vão me expulsar de casa .... não consigo parar de rir....

Mto boa!!!!!!!!